A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) abriu investigação contra o X pela suposta utilização de dados de usuários brasileiros para treinar o Grok, inteligência artificial da empresa de Elon Musk. O processo iniciado na última sexta-feira (26) menciona as alterações na política de privacidade da plataforma.
Segundo o órgão, o antigo Twitter colocou o compartilhamento de informações sem consentimento como opção padrão. Assim, o usuário que não quer compartilhar seus dados com a rede social precisa desativar a coleta manualmente, acessando as configurações do perfil.
O caso é semelhante ao da Meta, recentemente proibida de coletar dados de brasileiros para alimentar seus modelos de IA após determinação da entidade. Conforme o relatório, a dona do Facebook não traz informações claras quanto à finalidade do rastreamento dos usuários.
Por conta disso, a gigante da tecnologia deixou de lançar sua nova IA integrada aos apps do Facebook, Instagram e WhatsApp no Brasil. Na estreia da ferramenta na América Latina, na semana passada, a Meta justificou a indisponibilidade do serviço no país citando “incertezas regulatórias”, deixando em aberto a possibilidade de oferta em outro momento.
Quem também se manifestou contra as alterações na política de privacidade do X foi o Instituto de Defesa de Consumidores (Idec). Em nota divulgada na segunda-feira (29), a organização classificou como “preocupante” o tratamento dado pelas big techs aos dados pessoais dos usuários, citando também as práticas da Meta.
“Concretamente, vemos um design malicioso: há uma pré-seleção da opção de que os consumidores aceitariam o uso de seus dados para fins de tratamento de IA. Esse consentimento não deveria ser pressuposto e, sim, explícito — além de ter de ser livre e informado”, disse o Idec sobre as mudanças feitas pelo antigo Twitter.
Ao Telesíntese, a ANPD confirmou ter solicitado esclarecimentos a respeito do tratamento dos dados e o treinamento da IA ao X. A companhia liderada por Musknão se pronunciou sobre o caso, até o momento.
