Cível Estratégico

Secom critica decisão de Zuckerberg de remover checagem de fatos dos serviços

Para João Brant, decisão da Meta alinha empresa ao governo Trump e enfraquece direitos no ambiente digital

Publicado em 7 de janeiro de 2025 às 16h28.

Última atualização em 7 de janeiro de 2025 às 16h33.

Imagem: João Brant: Secretário de Políticas Digitais, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (SECOM) (Agência Brasil)


O anúncio feito por Mark Zuckerberg nesta terça-feira, 7, sobre o fim das parcerias da Meta com organizações de checagem de fatos e mudanças em suas políticas de moderação gerou críticas de João Brant, secretário de Políticas Digitais da SECOM.

Em nota publicada nas redes sociais, Brant afirma que a decisão revela uma aliança estratégica da Meta com o governo Trump, que retoma a Casa Branca, e sinaliza uma confrontação direta com países que buscam equilibrar direitos no ambiente digital, como Brasil e membros da União Europeia.

“O anúncio feito hoje por Mark Zuckerberg antecipa o início do governo Trump e explicita a aliança da Meta com o governo dos EUA para enfrentar União Europeia, Brasil e outros países que buscam proteger direitos no ambiente online (na visão dele, os que ‘promovem censura’)”, declarou Brant.

O secretário vê na decisão da empresa disposição para priorizar a liberdade de expressão individual em detrimento de outros direitos, criando um terreno fértil para o ativismo político de extrema direita. “A repriorização do ‘discurso cívico’ significa um convite para o ativismo da extrema-direita reforçar a utilização dessas redes como plataformas de sua ação política”, escreveu.

“Zuckerberg também anuncia que vai desligar parte dos filtros que ajudavam a detectar conteúdo que feria a política da plataforma. Vai atenuar especialmente políticas sobre imigração e sobre gênero”, afirmou Brant, destacando que isso reforça a ideia de que o Facebook e o Instagram se tornarão ferramentas de disputa política.

Impacto na checagem de fatos e no cenário internacional

Outro ponto central da crítica foi a decisão da Meta de interromper o financiamento de empresas de checagem de fatos, algo que, segundo Brant, terá impacto direto nas operações dessas organizações. “Meta vai asfixiar financeiramente as empresas de checagem de fatos, o que vai afetar as operações delas dentro e fora das plataformas”, afirma.

A decisão da Meta ocorre em um momento de crescente pressão internacional para regular as plataformas digitais e proteger a integridade da informação. Brant destacou que ações como as conduzidas na União Europeia, no Brasil e na Austrália são mais importantes do que nunca para enfrentar os desafios colocados por essa mudança de postura da empresa.

“O anúncio de Zuckerberg só reforça a relevância das ações que estão sendo tomadas na União Europeia, no Brasil e na Austrália, envolvendo Poder Judiciário, Poder Legislativo e Poder Executivo. E amplia a centralidade dos esforços internacionais feitos no âmbito da ONU, UNESCO, G20 e da OCDE para reforçar a agenda de promoção da integridade da informação”, concluiu.

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